terça-feira, 1 de maio de 2007

O meu amor a Deus

Acostumados a sentir o amor como uma paixão da alma e do corpo, a identificá-lo com movimentos desenfreados de simpatia ou necessidade psicológica, o amor de que Jesus fala torna-se difícil de entender.

Amar não pode ser uma lei. O nosso amor humano é sempre uma consequência, nunca uma lei. Até a reconhecida obrigatoriedade do amor filial ou paterno encontra as suas raízes nesse vago apelo ao sangue. Amamos a nossa gente, quase como quem não tem outro remédio. O contrário é por muitos considerado deformação patológica. No entanto, a verdade é que se pai e filho tivessem vivido desde sempre distanciados um do outro, desconhecendo-se, esse grito do sangue talvez não fosse sentido com a mesma força.

O amor nasce da convivência, da interdependência, da fusão das nossas vidas. Nascer com a obrigação de amar um Deus de quem apenas se têm indicações, sem referências, que, em todo o caso, fica reduzido a uma abstracção transmitida, é uma dura e tenebrosa obrigação. O amor a Deus sobre todas as coisas corre assim o risco de ficar numa mera verborreia, resposta aprendida de cor. Por isso, assumo intimamente que o meu amor a Deus é vivido no amor com que me dedico apaixonadamente às outras pessoas, inteiramente amado!

1 comentário:

Felipe Fanuel disse...

Bonito texto. Sem amor às outras pessoas, não há amor a Deus.