quinta-feira, 10 de maio de 2007

Das obras que procedem da caridade


Por nenhuma coisa do mundo, nem por nenhuma consideração humana, se deve praticar o mal. Mas pelo bem de algum necessitado se pode interromper, às vezes, uma boa obra ou trocá-la por outra melhor; desta sorte, não se perde o bem, antes se converter em melhor.

Sem caridade, de nada vale a obra exterior; tudo, porém, que dela procede, por insignificante e desprezível que seja, torna-se proveitoso; porque Deus não olha tanto para as ações, como para as intenções com que fazemos.

Muito faz quem muito ama, faz tudo quem faz bem tudo o que faz. Bem faz quem serve antes ao bem comum do que a própria vontade.

Parece caridade, muitas das vezes, o que é apenas obra da carne; porque raramente, se afastam de nós a inclinação natural, a própria vontade e a esperança da retribuição e o amor da comodidade.

Quem tem perfeita e verdadeira caridade em nada se busca a si mesmo; mas deseja que somente que tudo se faça para a glória de Deus.

De ninguém tem inveja, porque não deseja proveito algum pessoal, nem busca sua felicidade em si, mas procura sobre todas as coisas ter alegria e felicidade em Deus.

Não atribui nenhum bem à criatura, mas tudo refere a Deus, de quem, como de uma fonte, tudo promana e no qual, finalidade, todos os santos encontram sua felicidade.

Oh! Quem tivera uma centelha de verdadeira caridade, compreenderia perfeitamente a vaidade de todas a coisas terrenas.

"Ó amor divino, que só fazeis os Santos, Amor que sois Deus", penetrai, possuí, transformai em vós todas as potências de minha alma, sede minha vida, minha única vida, agora e sempre pelos séculos dos séculos. Amém!

(Fonte: Imitação de Cristo - Edições Paulinas 1987)

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